sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Memorial Escolar Eliane


      Há três anos atrás sai de São Leopoldo-RS para vir morar em Florianópolis-SC, chegando aqui vi que tinha que retomar os estudos e mais do que isso, queria ter uma profissão.
Voltei a estudar para concluir o Ensino Fundamental. Durante as aulas a professora de Português que nos perguntou qual a profissão que gostariamos de exercer, falei que queria fazer Técnico de Enfermagem. Ela, então me informou do curso do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina).
Conclui o ensino fundamental e eu me inscrevi no sorteio do IFSC. No dia eu fui e achei que não seria sorteada, mas quando estava perdendo minhas esperanças chamaram meu número. 
Era tudo que eu queria!
Em julho de 2010 começavaram as aulas. Me apavorei com tantas coisas para estudar. Na primeira fase achei que não iria conseguir, mas aos poucos fui me adaptando.
Acho que por mais difícil que estivesse o curso, eu não poderia desistir. Pensei muitas vezes nisso. Os professores sempre tiveram a maior paciência conosco. Na segunda fase eu começei a me adaptar melhor com tudo, mas mesmo assim ainda não entendia muita coisa nas primeiras explicações. Não sei é a idade que temos mais dificuldades ou o tempo sem estudar.
Ainda na segunda fase fizemos uma viagem ao Museu em Porto Alegre. Foi muito bom desde a espera para o ônibus sair até a hora de voltar.
Nesta viagem a turma ficou mais amiga, dentro do ônibus todos conversaram um com outro, podendo assim se conhecer melhor. Acho que depois da viagem muita coisa mudou entre os colegas. 
Para mim foi assim: colegas que eu não tinha muita afinidade passei a ver com outros olhos.
Quanto a professores não tenho o que reclamar. Acho que para eles  não deve ser fácil dar aula para adultos, que muitas vezes por sua experiência de vida não querem aceitar muitas coisas.
Tivemos também uma palestra na Semana da Enfermagem, que foi muito interessante. Nesta palestra tive mais certeza que é a profissão que eu pretendo exercer.
Agora estamos na terceira fase, esta sendo mais matéria da área técnica. Já fomos conhecer o Anatomico da UFSC, que aliás foi durante a greve. A professora Angela não deixou de levar a turma, mesmo em período de greve. Foi muito interessante, nunca tinha visto o corpo humano daquele jeito.
Achei que a maior dificuldade do Curso Técnico de Enfermagem ou até mesmo a profissão seria encarar um cadáver pois sempre tive medo do gelado que o corpo fica após a morte. Mas foi tudo normal tranquilo, assim consegui tirar da cabeça o medo que talvez fosse me atrapalhar.
Cada noite temos que ficar atentos a aula, pois nem sempre dá para estudar em casa. Trabalhar, estudar, cuidar da casa, marido e filho não é fácil.
Cada fase que vem sempre tem aquele medo não conseguir. Vai chegando o final do semestre e tem muitas tarefas, trabalhos e provas .
Até agora não tive nem uma tristeza, pois mesmo com alguma dificuldade para conseguir dar conta de tudo, cada dia eu tenho mais certeza que o que eu quero é conseguir concluir este curso e exercer a profissão para ajudar o próximo.
Quando eu pensei em fazer este curso foi porque eu cuidei da minha mãe e do meu pai. Os dois ficaram doentes e tive que ir muitas vezes para o hospital com eles. Nós sempre fomos bem tratados no hospital mas não era assim com todos, depois que eles vieram a falecer achei que poderia fazer algo por outras pessoas também.
E então, estou aqui batalhando o meu espaço e sei que posso ser uma excelente profissional.

Eliane C. Ferreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário